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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Estudo holandês analisa como chimpanzés reagem à morte dos filhotes


Após carregar corpo por mais de um dia, fêmea colocou os dedos contra o pescoço do bebê


Pela primeira vez, pesquisadores do Instituto Max Planck de Psicolinguística, na Holanda, relatam em detalhes como uma mãe chimpanzé reage à morte de seu bebê. O animal apresenta comportamentos que não são normalmente vistos com os filhotes vivos, como colocar os dedos contra o pescoço deles e deitar o corpo no chão para vê-los a distância.
Hélvio Romero/AE
Hélvio Romero/AE
Resultados estão na American Journal of Primatology

As observações da pesquisadora Katherine Cronin e de sua equipe fornecem uma visão única sobre como os chimpanzés, um dos primatas mais próximos dos seres humanos, aprendem sobre a morte. Os resultados do estudo estão na edição online desta semana da revista American Journal of Primatology.
Os cientistas conduziram o trabalho no abrigo para animais Chimfunshi Wildlife Trust, na Zâmbia, África, onde chimpanzés selvagens resgatados do comércio ilegal vivem no maior grupo social em ambiente fechado do mundo. A dra. Katherine e Edwin Van Leeuwen, do Max Planck, colaboraram com Innocent Mulenga, do Chimfunshi, e com o dr. Mark Bodamer, professor de psicologia na Universidade de Gonzaga, no Estado de Washington (EUA).
Estreita relação
Mães chimpanzés normalmente mantêm estreito contato por vários anos com seus filhotes, carregando-os quase que continuamente por 2 anos e os amamentando até os 4 ou 6 anos de idade. O forte vínculo entre mãe e filho continua por vários anos após o desmame, e é um dos relacionamentos mais importantes na vida desse primata.
Morte prematura
Katherine e os colegas avaliaram o comportamento que um chimpanzé fêmea expressou em relação a seu bebê de 16 meses que havia morrido recentemente. Após carregar o corpo do filhote por mais de um dia, a mãe colocou-o no chão, em uma clareira, aproximou-se várias vezes dele e estendeu os dedos contra o rosto e o pescoço dele por vários segundos.A fêmea ficou perto do corpo por quase uma hora, em seguida levou-o a um grupo de chimpanzés e os viu examinarem o animalzinho. No dia seguinte, a mãe já não carregava mais o filho morto.
Quase nada se sabe sobre como os primatas reagem à morte de indivíduos próximos, o que eles entendem sobre a morte ou se choram. Os pesquisadores acreditam ter presenciado um período único de transição em que a mãe aprende sobre a morte do filho, processo nunca antes relatado em detalhes. Mas eles se abstêm de interpretação, enquanto fornecem vídeos aos telespectadores para permitir que eles julguem por si mesmos o que os chimpanzés entendem sobre a morte.
"Os vídeos são extremamente valiosos, porque nos forçam a parar e pensar sobre o que pode estar acontecendo na mente de outros primatas", diz a pesquisadora. "Se um espectador decide finalmente que o chimpanzé está de luto, ou simplesmente curioso sobre o corpo, não é tão importante quanto parar um momento para considerar essas possibilidades", afirma.
Vínculo mãe-bebê
Estudos anteriores documentaram mães chimpanzés carregando seus filhotes mortos durante dias ou semanas, demonstrando que o rompimento do vínculo mãe-bebê é incrivelmente difícil para eles. A atual pesquisa complementa essas observações e lança uma nova luz sobre como esses animais podem aprender sobre a morte.
"Nossas informações contribuem para um pequeno, mas crescente banco de dados sobre como primatas não humanos reagem à morte. Esperamos que essas descobertas continuem se acumulando e, eventualmente, permitam que os cientistas façam uma análise abrangente sobre a extensão do entendimento de primatas não humanos sobre a morte, e como eles respondem a isso", destaca Katherine.
Semelhanças com humanos
"O abrigo Chimfunshi fornece uma incrível oportunidade de observar o comportamento de chimpanzés que vivem em grandes grupos sociais multietários e em condições naturalistas, o olhar mais próximo possível da vida selvagem", diz Bodamer. "Era apenas uma questão de tempo e de condições adequadas que a resposta dos chimpanzés à morte fosse gravada e submetida a uma análise para revelar notáveis semelhanças com os seres humanos", completa.

Fonte: ESTADO DE SP              

FINLÂNDIA E IRLANDA SE DOBRAM AO OBSCURANTISMO DO CRESCENTE



Em fevereiro de 2006, comentei a pretensão de países muçulmanos que queriam criar uma cláusula contra a blasfêmia nos estatutos do novo Conselho de Direitos Humanos da ONU. Os 57 países que integram a OIC (Organização da Conferência Islâmica) pediram a inclusão de um parágrafo para "prevenir casos de intolerância, discriminação, incitação ao ódio e à violência, gerados por ações contra religiões e crenças". 

A blasfêmia, de pecado, infração que diz respeito a teólogos, passaria a ser crime punido pela legislação. Os muçulmanos, cujo calendário começou em 622 da era cristã, queriam nada mais nada menos que arrastar a Europa de volta à Idade Média, onde discussões sobre o destino do prepúcio de Cristo podiam levar um homem à fogueira.

Em fevereiro de 2009, os muçulmanos conseguiram oficializar esta volta à Idade Média. Naquele mês, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que condena a difamação religiosa e passa a considerar o ato como uma violação aos direitos humanos. O documento também pede que governos adotem leis protegendo as religiões de ataques.

Que é ataque a uma religião? Será ataque afirmar que Jeová era um deus genocida, que ordenava aos judeus exterminar as tribos que habitavam a Cananéia? Será ataque afirmar que Maomé era um pastor analfabeto que expandiu o Islã a ferro e fogo? Que era um pedófilo que assumiu como sua mulher uma menina de nove anos? Escrever sobre história passou a ser crime.

Na Finlândia já é. De uma boa amiga que mora em Vaasa, recebo notícias de Jussi Halla Aho, membro do Helsinki City Council e um dos pioneiros no país a falar contra a imigração 'humanitaria', principalmente muçulmana. Em 2009, ele foi processado pelo Estado por blasfêmia e por incitar contra uma etnia ou raça.

- Essas leis violadas por ele são novas – diz minha correspondente - e foram feitas pra aplacar os ânimos dos cabeças de toalha, claro. Não me lembro exatamente que textos do blog se enquadraram nessas leis, mas lembro que ele chamou o profeta Mohammed de pedófilo. Em outro texto, em resposta a uma esquerdinha idiota que disse que bebedeiras e brigas são características genéticas dos finlandeses, ele escreveu que então viver de seguro social e assaltar pessoas nas ruas são características genéticas do somalis. Após o julgamento, ele foi condenado por blasfêmia, e multado em cerca de 300 euros. De incitação contra uma etnia ou raça, ele foi absolvido. Só que agora o promotor, um dos maiores puxa-sacos dos muçulmanos no país, vai apelar para o Supremo Tribunal. Vamos ver no que dá.

A Finlândia rendeu-se definitivamente ao lobby muçulmano, que teve o aval da ONU em 2009. Mas console-se, caríssima. Na Irlanda, o jogo é mais duro. A partir do início do ano passado, todo irlandês que pronuncie uma blasfêmia arrisca-se a uma multa que pode chegar aos 25 mil euros. Desconheço legislação que puna alguém tão rudemente por pronunciar algumas palavras. É a Europa seguindo as recomendações da ONU.

Uma Lei da Difamação entende a blasfêmia como "uma expressão tremendamente abusiva ou insultuosa em relação a um assunto considerado sagrado por qualquer religião, causando indignação perante um número substancial de seguidores dessa religião".

Evidentemente, só haverá punições quando as blasfêmias se referirem ao Islã. Já que o velho deus cristão vem sendo insultado há séculos. Proibir insultos a Jeová seria proibir a edição de monumentos como Nietzsche ou Voltaire.

Na Irlanda, o discurso que a deputada Ayaan Hirsi Ali, do Parlamento holandês, pronunciou em Berlim, lhe valeria não poucos dissabores jurídicos.

Eu penso que o profeta Maomé errou em subordinar as mulheres aos homens.
Eu penso que o profeta Maomé errou ao decretar que é preciso assassinar os homossexuais.
Eu penso que o profeta Maomé errou ao dizer que é preciso matar os apóstatas.
Ele errou ao dizer que os adúlteros devem ser chicoteados e lapidados, e que os ladrões devem ter as mãos cortadas.
Ele errou ao dizer que os que morrem por Alá irão ao paraíso.
Ele errou ao pretender que uma sociedade justa possa ser construída sobre essas idéias.

Disse a deputada algo errado? Do ponto de vista do Ocidente, está coberta de razão. Mas agora dizer verdades constitui crime. A Irlanda e a Finlândia estão ignorando solenemente o acórdão Handyside, de 1976, reconhecido pela Corte Européia de Direitos do Homem. Que declara: 

“A liberdade de expressão vale não apenas para as informações ou idéias acolhidas com favor, mas também para aquelas que ferem, chocam ou inquietam o Estado ou uma fração qualquer da população. Assim o querem o pluralismo, a tolerância e o espírito de abertura, sem o qual não existe sociedade democrática”.

O que a ONU propôs – e que algum países europeus começam a aceitar - é uma Idade Média total. Se na Idade Média eram proibidos apenas os livros e autores que contestavam a Igreja de Roma, a entidade agora quer a proibição de qualquer livro ou autor que conteste toda e qualquer religião. 

Lenta e inexoravelmente, a Europa vai se dobrando de joelhos ao obscurantismo do Crescente.

Fonte: Blog do JANER CRISTALDO

Boeing recebeu "ajudas maciças e ilegais"


AFP


Relatório divulgado nesta segunda-feira pela Organização Mundial de Comércio (OMC) confirma que o construtor americano Boeing recebeu "ajuda maciça e ilegal", estima seu concorrente europeu Airbus em comunicado.
Assim, "a Organização Mundial de Comércio (OMC) confirma que a Boeing recebeu subvenções públicas ilegítimas durante numerosas décadas, que tiveram efeitos importantes e negativos na indústria europeia", diz o texto.
A Airbus calcula seu prejuízo comercial, decorrente da concessão desses subsídios, em 45 bilhões de dólares, segundo fontes ligadas à empresa.

Fonte: ISTO É INDEPENDENTE
  

Nem malhação, nem religião


A ioga já foi moda entre místicos e malhadores. Agora, uma nova safra de livros conta como os ocidentais transformaram a prática indiana em ferramenta laica de bem-estar existencial

Marcela Buscato

Darayan Dornelles

Á VONTADE 

A apresentadora Cynthia Howlett durante a prática de vinyasa ioga. Cynthia diz que a aula ajuda 
a desligar da vida corrida 
Quando a escritora americana Claire Dederer procurou aulas de ioga, diz ter escolhido uma escola decorada no estilo “não tenha medo, nós não somos um culto”. Pensou que talvez conseguisse o bumbum invejável de sua amiga Katrina, que também tinha aderido à prática. Riu da professora que disse se chamar Atosa, mas que tinha cara de Jennifer. Claire conta que encarava com ceticismo as pílulas de sabedoria oriental disparadas pelos professores entre um pranayama, exercício de respiração, e uma asana, nome dado às posturas de ioga. Criada por mãe e padrasto hippies, ela decidira que havia esgotado na infância sua cota de misticismo e práticas alternativas. Tudo o que queria era ficar flexível, magra e rija, sem as dores nas costas que a atormentavam. Mas a ioga deu a Claire mais do que ela procurava.
A mistura de técnicas de respiração e alongamento, criada há mais de 5 mil anos na Índia com o objetivo de preparar o corpo e a mente para atingir estados transcendentais, revelou sentimentos sufocados por Claire: a mágoa com o marido, que só se preocupava com as contas da casa, o incômodo com a proximidade da família e dos amigos, que exigiam que ela fosse a mãe perfeita, o ressentimento com a separação dos pais durante a infância. Melhor ainda, a prática rotineira das posturas e da respiração ajudou a escritora a superar esses problemas. É essa transformação por meio da ioga que Claire relata no livro recém-lançado nos Estados Unidos Poser: my life in twenty-three yoga poses (Minha vida em 23 posturas de ioga). Deverá chegar ao Brasil em maio, pela editora Sextante. Nele, Claire conta como cada exercício ajudou a decifrar um de seus sentimentos – sem que a ioga tenha proporcionado qualquer iluminação sobrenatural. “Como a prática exige concentração na respiração e nos movimentos, as pessoas aprendem a prestar atenção nelas mesmas”, diz Angela Alves, professora da escola Pratique Yoga, em São Paulo. Parece banal, tão corriqueiro quanto respirar, mas, na agitação do dia a dia, esse tipo de autopercepção passa ao largo.
Claire é apenas mais uma integrante da geração que resolveu estender o tapete de ioga (mat) ou se pendurar nas cordas para se conhecer. Para esses exploradores, pouco importa a modalidade de ioga: ashtanga (prima pela movimentação quase ininterrupta), iyengar (usa cordas e outros materiais para facilitar a execução dos exercícios), hatha (privilegia posturas), haja (enfatiza a meditação). Todas elas exigem mexer o corpo e exercitar a mente. E propiciam, com esse aprendizado, alguma forma de conforto e autoconhecimento. “Eu entro na aula Bin Laden e saio Dalai-Lama”, diz a enfermeira paulistana Ana Palmieri, de 46 anos, que pratica hatha ioga há quatro anos.

Felipe Redondo



NOVO OLHAR 



A artista plástica Soraya Lucato executa postura de hatha ioga. Com as aulas, ela percebeu que tinha de parar de fumar e mudar de emprego
No século passado a prática de ioga oscilou entre dois extremos – o da alma, na forma de uma religião ou filosofia, e o do corpo, como um exercício físico puro e simples. Nas décadas de 1960 e 1970, marcadas pela cultura hippie, o pêndulo oscilou para o lado da alma. Ioga era coisa de bicho-grilo, de quem queria atingir outros níveis de consciência ou curtir uma viagem espiritual. O entusiasmo de ídolos como os Beatles ajudou a reforçar o aspecto transcendental, fiel às origens indianas. A banda britânica adotou como guru o indiano Maharishi Mahesh Yogi, visitou seu ashram (comunidade religiosa) na Índia para aprender meditação e usou mantras em suas canções. No final dos anos 90, foi a vez do pêndulo oscilar para o lado do corpo. A cantora Madonna estampou capas de revistas com formas enxutas, obtidas com uma modalidade de ioga que virou moda nas academias, a ashtanga. Os alunos queriam músculos bem torneados. E só.
Nos últimos dez anos, no embalo de estudos científicos que mostram os efeitos da ioga sobre o cérebro e o organismo, a prática se tornou menos do que uma filosofia e mais do que uma atividade física. Encontrou um novo centro entre Beatles e Madonna. “Hoje, os praticantes não estão em uma busca espiritual nem querem apenas um corpo perfeito”, diz Shakti Leal, coordenadora do Espaço Nirvana, estúdio de ioga no Rio de Janeiro. “Eles querem o bem-estar da mente.” O componente espiritual da ioga se transmutou no Ocidente em satisfação. “Com a separação entre ciência e religião em nossa sociedade, cuidar do corpo e da mente ganhou um significado semelhante ao de cuidar do espírito”, afirma o antropólogo Silas Guerriero, pesquisador de ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
A ciência começa a explicar por que praticantes de ioga narram sensações de conforto físico e mental. Os pesquisadores submeteram adeptos a exames que medem a atividade elétrica do cérebro e descobriram que a calma e a clareza de ideias relatadas pelos alunos se devem aos efeitos da ioga sobre a atividade dos neurônios. Ao centrar a atenção em nossa respiração e nos mantras, mandamos para o cérebro a mensagem de que ele pode desacelerar. Com isso, aumentam as ondas cerebrais do tipo alfa, associadas ao estado de atenção relaxada. É o suficiente para manter nosso raciocínio afiado, mas sem aumentar a ansiedade. Em novembro, cientistas americanos anunciaram a descoberta de mais um mecanismo de atuação da ioga sobre o bem-estar. A equipe do neurologista Chris Streeter, da Escola de Medicina da Universidade Boston, constatou que o cérebro de praticantes tinha quantidade maior de uma substância relacionada a baixos níveis de ansiedade. A divulgação desse tipo de estudo teve um papel importante para consolidar a ioga como algo mais do que uma crença ou um simples exercício. “As pesquisas s estão ajudando a desmistificar a ioga”, diz o psicofisiologista Marcello Árias Dias Danucalov, que estuda os efeitos da prática sobre o cérebro. “As pessoas entenderam que a ioga é autoconhecimento sem misticismo.”
Estudos científicos recentes mostram que a ioga ajuda a diminuir a ansiedade ao alterar a química do cérebro
Fã de corrida, natação e ciclismo, a apresentadora Cynthia Howlett, de 33 anos, deixa o tênis, a piscina e a bicicleta de lado para se alongar nas cordas ao menos duas vezes por semana. “A ioga é o momento que eu tenho para me acalmar”, diz. Praticante há dez anos, Cynthia havia dado um tempo nas aulas para se dedicar à dança e a outras atividades. Mas voltou há dois meses porque sentia falta da “onda” que a ioga proporciona. “Eu me desligo das preocupações da minha vida, que é muito corrida”, diz Cynthia, casada com o ator Eduardo Moscovis, mãe de Manuela, de 3 anos, apresentadora do canal GNT e estudante do 2o ano de nutrição, sua terceira faculdade (ela é formada em Direito e jornalismo).

Felipe Redondo
DESCOBERTA  - A escritora americana Claire Dederer. Ela descobriu na aula de ioga seus conflitos pessoais


Essa nova geração de praticantes de ioga é formada por pessoas como Cynthia. São, sobretudo, mulheres, que se dividem entre casa, trabalho, marido e filhos. Elas encontram nas técnicas de respiração uma brecha para arejar as ideias. Nos exercícios de alongamento, uma oportunidade de expandir seus horizontes. Na estabilidade de uma postura, equilíbrio para viver. Muitas chegam aos estúdios de ioga à beira de um colapso emocional, pressionadas pelos múltiplos papéis que devem exercer. “Há uma pressão social para que a mulher se realize entre os 30 anos e 40 anos, como se seu prazo de validade estivesse para expirar”, diz o psiquiatra Alberto Goldin. “Sem ter como fugir do trabalho e da família, a mulher foge para dentro de si mesma.” Algumas com muito glamour.
A jornalista americana Elizabeth Gilbert decidiu que era hora de se conhecer depois de enfrentar o divórcio. Viajou por Itália e Indonésia, com direito a uma parada na Índia, para meditar em um ashram. A jornada de autoconhecimento rendeu o livro Comer, rezar, amar (Editora Objetiva), publicado em 2006. Campeão de vendas, virou no ano passado um filme de mesmo nome com a atriz Julia Roberts no papel de Liz. A britânica Lucy Edge escolheu o mesmo caminho da colega americana. Deixou uma carreira bem-sucedida em publicidade para se aventurar por ashrams. Suas descobertas na ioga já renderam dois livros: Yoga school dropout (algo como Fora da escola de ioga), publicado em 2004, e The handbag and wellies yoga club (Clube da ioga de maleta e galochas), lançado em 2009. A última a enveredar pelos mantras indianos foi a escritora Dani Shapiro. No ano passado, ela lançou no mercado americano o livro Devotion (Devoção) , em que conta como a ioga e outras filosofias ajudaram a dar sentido a seus momentos difíceis.
A artista plástica Soraya Lucato, de 41 anos, não precisou ir até a Índia para mudar sua vida. A transformação aconteceu gradualmente, ao longo de sete anos, em um estúdio de ioga, em São Paulo. Soraya, então gerente de projetos culturais em uma empresa multinacional, vivia estressada. Decidiu praticar ioga pela manhã para que a calma conseguida na aula durasse o dia todo. “Eu passei a me entender”, diz Soraya. “Percebi que precisava pensar mais em mim e menos nas situações que me estressavam.” Foi assim que parou de fumar. Há dois anos, ela praticava uma técnica de respiração, quando se deu conta de que fumava porque era o momento que tinha, no agito do cotidiano, para respirar. “Nunca mais coloquei um cigarro na boca depois daquele dia”, afirma.
No ano passado, inspirada pelas percepções obtidas na prática da ioga, ela tomou uma decisão mais radical. Pediu demissão do emprego e partiu para fazer um curso de especialização em artes na França. No próximo mês, Soraya vai inaugurar seu novo estúdio, onde ensinará adultos e crianças a lidar com estresse por meio da pintura. O insight não aconteceu durante uma postura específica, como a americana Claire relata em vários episódios de seu livro (leia o quadro abaixo). Soraya diz que a ioga mudou aos poucos sua forma de pensar: “Quando entoo mantras, é como se eu liberasse espaço no meu cérebro para entender o que quero de verdade na vida e o que está me incomodando”.
Mesmo os adeptos da ioga em sua forma tradicional – como Pedro Kupfer, um dos fundadores da Aliança do Yoga, organização que reúne instrutores da prática – reconhecem que a filosofia admite múltiplas interpretações. “Algumas formas de ioga pedem a mesma fé que a religião exige. Outras pedem que a pessoa compreenda quem ela é sem apelar a nenhum tipo de crença”, diz ele. “Essa flexibilidade torna a ioga muito versátil e atraente nos dias atuais, quando algumas das grandes religiões parecem ter perdido a força e as pessoas não se contentam nem se preenchem com o materialismo nem com o humanismo.” A jornalista americana Stefanie Syman, autora do livro Subtle body (algo como Corpo hábil), em que conta como a prática indiana foi adaptada ao pensamento ocidental, diz que a transformação da ioga em uma atividade inteiramente secular não é ruim. “O que importa é que as pessoas podem se beneficiar da ioga ao reduzirem seu nível de estresse.”
   Divulgação   Divulgação
Enquanto os tradicionalistas continuam usando a ioga como ferramenta para se conectar ao sagrado e uma nova geração busca o bem-estar da mente, há quem ofereça apenas os benefícios físicos da atividade. A nova sensação da ioga em Nova York é a escola Strala Yoga, criada pela ex-modelo Tara Stiles. Tara tem causado polêmica por ter eliminado qualquer referência ao componente espiritual da prática. Ela diz querer popularizar a ioga. Por isso, aboliu os nomes em sânscrito das posturas ou suas traduções já consagradas. Está sendo acusada de “Mcdonaldizar” a milenar tradição hindu em mais uma aula de ginástica.
Talvez o segredo da ioga para conquistar praticantes de perfis tão diversos seja justamente sua característica multifacetada. “A ioga atinge diferentes níveis: corpo, mente e espírito”, diz Camila Ferreira-Vorkapic, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que estuda os efeitos psicológicos da prática. “Cada pessoa escolhe qual aspecto quer desenvolver.” Para a escritora americana Claire, é o mistério que encanta na ioga. “É algo que você faz com seu corpo, mas cujo efeito se propaga para todas as áreas da vida”, diz. “Aprendi lições incontestáveis sobre como viver.”

Fonte: Revista ÉPOCA

Pesquisa aponta que religiosidade pode diminuir frequencia sexual dos jovens



Um estudo publicado denominado “Religiosity, Self-Control, and Virginity Status in College Students from the ‘Bible Belt*’” (Religiosidade, Domínio Próprio e Situação de Virgindade entre Estudantes Universitários Oriundos do ‘Cinturão Bíblico*’) e publicado na edição de setembro de 2010 da Revista de Estudo Científico da Religião (Journal for the Scientific Study of Religion), revelou que para cada aumento de número em sua escala de religiosidade, a probabilidade de um rapaz permanecer virgem aumentava com um fator de 3,86. Para as moças, a probabilidade pulava num fator de 4,13.

O estudo também revelou efeitos semelhantes na questão do sexo oral. A probabilidade para o adiamento da iniciação do sexo oral pulou para 3,30 e 2,60 para rapazes e moças respectivamente.
Para determinar a “religiosidade”, o estudo solicitou aos que os participantes avaliassem o nível de sua frequência aos cultos religiosos, frequência de oração, frequência de leitura de textos religiosos e a importância da religião em suas vidas. A fim de encontrar números suficientemente elevados de jovens com envolvimento religioso, o estudo examinou universidades na região do “Cinturão Bíblico” do Sul dos Estados Unidos.
O chamado Cinturão Bíblico compreende uma região daquele país onde a prática fervorosa da religião evangélica faz parte da cultura local e onde persistem as fundações coloniais do protestantismo. A origem do nome em sua forma americana “Bible Belt” deriva da grande importância da Bíblia entre evangélicos.
Outras estatísticas mencionadas no estudo camuflam a afirmação muitas vezes repetida por organizações pró-aborto e pró-contracepção de que os adolescentes inevitavelmente se engajarão em atividade sexual. Nacionalmente, 53% dos estudantes do ensino secundário permanecem virgens no fim de seu último ano de colegial, e embora a estatística nacional caia vertiginosamente para os estudantes universitários, o estudo revelou um índice de 40% em escolas do “Cinturão Bíblico”, onde os jovens têm muito mais probabilidade devirem de ambientes religiosos.
Em universidades religiosas particulares, esse número subiu para 47%.
O resultado mais preocupante para os defensores da moralidade sexual foi a percentagem de estudantes universitários que havia se engajado em sexo oral: 73,5 por cento, refletindo uma tendência nacional entre adolescentes de se evitar as consequências do intercurso sexual natural por meio da participação de condutas não naturais.
Fonte: Notícias Pró-Família, com texto MG e tradução de Julio Severo

Fonte: JORNAL MUNDO GOSPEL

Cristão pode fazer tatuagem?


“Hoje eu não faço mais tatuagem e não aconselho ninguém a fazer”. Poucas pessoas associariam essa afirmação a Rodolfo Abrantes. Com os braços quase cobertos por tatuagens, muitas do período em que atuou como vocalista da banda secular Raimundos, e a imagem de um candelabro tatuada no pescoço, feita após sua conversão, o músico conta que tatuar-se era algo habitual: “Quando eu me converti, eu continuei fazendo tatuagem porque já fazia muito e eu confesso que não sentia muita paz nisso. Durante meu processo de conversão, senti Deus falar comigo que eu não precisava mais daquilo. Quando decidi parar, senti muita paz. Desde então, nunca mais fiz tatuagem alguma. Quando eu continuei me tatuando depois de convertido, só transferi uma coisa que eu já era para dentro da minha nova vida. E realmente eu não precisava mais disso”.
Em entrevista ao Portal Guia-me, Rodolfo expressou o que pensa hoje sobre tatuagem: “Na real, eu acho que tatuagem é uma grande ‘duma vaidade”. “As pessoas dizem: ‘Eu vou para Jesus, mas eu vou levar tudo o que eu gosto’. Mas têm certas coisas que talvez Deus queira simplesmente tirar do teu coração. Eu interpreto da seguinte forma: quando eu senti que era Deus falando comigo, que era para eu parar de fazer tatuagem, creio que era uma ordem simples, que se eu conseguisse obedecer, eu conseguiria obedecer a ordens maiores também. Eu cumpri e senti uma paz tremenda. Toda vez que eu obedecer a Deus, vou sentir Paz”, explica o cantor.
Vista como forma de expressão, símbolo de rebeldia e juventude, a tatuagem possui diferentes estilos, que vão do tradicional ao maori, estilizado, psicodélico, religioso, tribal, entre outros. Seus temas variam tanto quanto as personalidades das pessoas que as fazem. As imagens escolhidas podem ser definidas pelo contexto histórico, influências musicais, modismos, ideologias e crenças. Crenças que chegaram à igreja e dividem opiniões. Aceita por algumas denominações e pastores, condenada por igrejas e lideranças, a “tatoo” divide opiniões até mesmo em interpretações de trechos bíblicos, como o de Levítico 19:28 – “Não fareis lacerações na vossa carne pelos mortos; nem no vosso corpo imprimireis qualquer marca. Eu sou o Senhor”.
Para o professor de teologia Carlos Vailatti, o versículo faz parte de um contexto maior, um “código de santidade”: princípios para demonstrar ao povo de Israel elementos indispensáveis ao relacionamento com Deus. Na opinião de Valilatti, é importante destacar também a palavra ‘marca’: “Esta palavra é derivada do hebraico qa´aqa´, cujos significados básicos são: ‘incisão, tatuagem’. Já na Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento hebraico – datada do III século a.C.), a palavra ‘marca’ é a tradução do grego stikta, palavra esta derivada do verbo stizo, ‘fazer um sinal com um instrumento agudo ou candente; pintar, tatuar; fazer sinais com golpes’ [...] Deus não quer que Israel pratique esses hábitos pagãos e se comporte como as demais nações que vivem ao seu redor. Deus quer que Israel seja uma nação santa, isto é, uma nação separada para servi-lo e que tenha um estilo de vida diferente das demais”. Para o teólogo, o trecho inicial do versículo de Levítico 19:28, relaciona-se a 1 Reis 18:28: “No confronto entre Elias e os adoradores de Baal no monte Carmelo, onde vemos que estes últimos ‘se retalhavam com facas e com lancetas, conforme o seu costume, até derramarem sangue sobre si”.
No entanto, Sandro Baggio, líder do Projeto 242, igreja que há mais de dez anos trabalha com pessoas da cultura alternativa e dedica-se a missões urbanas, entende que o trecho de Levítico não pode ser aplicado à tatuagem. “Trata-se de uma lei específica direcionada a um povo em particular. Aqueles que querem aplicar essa lei para o contexto de hoje (usando este versículo para proibir as pessoas de fazer tatuagem) precisam estar dispostos a aplicar também os versículos anteriores que proíbem vestir roupas de tecidos diferentes, plantar sementes de diferentes espécies no mesmo jardim e aparar a pontas do cabelo e da barba. As pessoas não estão fazendo tatuagem por causa de qualquer ritual relacionado a mortos, mas como expressão estética”, explica o líder.
Baggio fez a primeira tatuagem em 1988, logo após sua formação no seminário teológico. Para ele, tatuar-se é uma forma de expressão corporal e cultural: “Antes era particular de alguns povos e culturas, mas como o mundo se tornou uma aldeia global, a tatuagem (assim como outras expressões culturais) ganhou espaço nos mais diversos meios e contextos. A única diferença entre fazer uma tatuagem e uma pintura ou mesmo corte de cabelo é que a tatuagem tem uma característica mais permanente e não pode ser removida facilmente. Portanto, exige-se que se pense muito mais antes de se fazer uma tatuagem do que, por exemplo, antes de tingir os cabelos ou fazer dreads neles”.
Símbolo de rebeldia?
Tattoo, do taitiano tatau, significa marcar. O nome foi dado por James Cook, o capitão inglês que descobriu o surfe e, em 1769, ficou admirado ao chegar ao Taiti e ver a população local coberta de desenhos em vez de roupas. A população da região era conhecida como maohis, ou maoris na Nova Zelândia, povo que tatuava-se em rituais ligados à religião. As imagens significavam status e poder, marcavam a passagem da infância para a maioridade, ou contavam as histórias da família e da tribo. Mas, os primeiros registros de pigmentação com tintas sobre a pele remetem há pelo menos 5 mil anos. No Egito, também foram encontradas múmias tatuadas, que datam do período entre 4000 e 2000 a.C.
Na América,tatuar-se também era prática das civilizações maia e asteca. No Japão feudal, criminosos eram marcados para que fossem identificados como maus elementos. Tempos depois, em meio a um forte clima de opressão dos governantes, organizações ostentavam tatuagens como símbolo de transgressão ao poder vigente. Assim, surgiu o famoso dragão da Yakusa, a máfia japonesa, imagem comum de muitas tatuagens no mundo.
Com todo esse contexto histórico, a tatuagem é vista, ainda hoje, como símbolo de rebeldia. O pastor Eduardo Silva, conhecido como pastor Edu, conviveu com muitos “irmãos tatuados” até gravar uma mensagem em seu braço e conta que recebeu com isso muitas críticas. Membro da igreja Renascer em Cristo, foi o primeiro a escrever em seu corpo, a frase “Renascer até morrer”. “A minha motivação veio num momento em que a Igreja sofreu um forte ataque. A intenção dos que nos atacavam era na verdade o fechamento e extinção da Igreja Renascer, como se as portas do Inferno pudessem prevalecer contra a Igreja de Cristo. Muitas pessoas comentavam que a Igreja não sobreviveria a esse momento, isso foi em fevereiro de 2007. Sou pastor desde janeiro de 1993, mas atuo no ministério desde jovem”, conta o Pr. Edu, que revela que a atitude trouxe grande repercussão: “Algumas positivas, outras violentamente negativas. O que me causa estranheza, é que a tatuagem afeta tão somente a minha vida. No que diz respeito à minha comunhão com Deus ou santidade, não aumenta ou diminui. Mas, muitos foram contumazes em dizer que essa atitude era fruto de uma alienação, que éramos como gado marcado etc. Apenas entendo que não devemos julgar para não ser julgados!”. Ele explica a iniciativa narrando a passagem bíblica de II Samuel 15:21: “Em meio à guerra, Davi contava com homens valentes como Itaí (II Sm 15,21), que estavam em aliança, para vida ou para a morte. Não adianta estar em aliança apenas quando tudo vai bem. Baseado nesse princípio é que muitos de nós escolhemos essa frase. A igreja, corpo de Cristo, estava sendo atacada, o rebanho precisava ser protegido e pastoreado e algumas pessoas e instituições se esqueceram desse conceito de corpo! Como pastor, senti o desejo de deixar clara a minha posição em favor do rebanho”.
Para o reverendo Baggio, pessoas que consideram tatuagens símbolos de rebeldia estão “estacionadas no tempo”. ” Hoje em dia, tatuagem não tem absolutamente nada a ver com rebeldia, mas sim com estética. Sem dúvida que há preconceitos por parte de algumas pessoas (religiosas ou não), mas qualquer coisa pode ser passível de preconceito, principalmente expressões culturais. Preconceito é fazer um juízo superficial a partir de idéias ou conceitos pré-estabelecidos. O profeta Samuel fez um ‘pré-conceito’ ao procurar ungir o futuro rei de Israel. Cristãos que seguem a Bíblia não deveriam fazer ‘pré-conceitos’ com relação à aparência das pessoas, mas infelizmente não é isso o que acontece. Pessoas sofrem preconceitos por se vestirem de certa maneira, por causa do seu penteado (ou por não ter nenhum penteado) de cabelo, pelo modo como falam (se sua linguagem não for cheia de chichês evangeliquês, não é espiritual) etc. Eu já sofri preconceitos por todas as coisas, mas geralmente depois que as pessoas me conhecem, elas percebem que tais coisas são superficiais e acabam deixando o preconceito de lado”, narra o reverendo. A segunda tatuagem de Baggio veio para cobrir a primeira. “Aquela velha tatuagem era bem “old school” e no ano passado decidi cobri-la com um novo desenho. A velha tatuagem foi feita com um desenho de uma pomba e uma cruz e eu estava pensando do texto bíblico que diz que Cristo estabeleceu a paz por meio da cruz. A nova tatuagem é um desenho celta do ganso selvagem, o símbolo celta do Espírito Santo. O que esse desenho expressa para mim é a afirmação de que fui selado pelo Espírito e meu desejo profundo de viver a grande aventura da vida guiada por Ele”, expõe o líder do Projeto 242.
Mas, para o professor Carlos Vailatti, a tatuagem pode ser compreendia como elemento de rebelião: “Ela pode representar a aderência aos movimentos da contra-cultura, como, por exemplo, o movimento punk da década de 80, o qual estava associado com formas de protesto social e anarquismo. Além disso, ela também pode ser vista como um símbolo anárquico dentro da própria igreja, de acordo com postura que certas denominações adotam com respeito a ela”.

Fazer-se igual para ganhar os diferentes?

Líder do Projeto 242, que tem como alvo missionário evangelizar pessoas marginalizadas socialmente, como: mendigos, prostitutas e dependentes químicos, Sandro Baggio não compreende a tatuagem ou outros visuais como agentes de evangelização. “Isso depende muito mais do testemunho de vida e caráter, no poder do Espírito Santo, do que na aparência”, aponta.

“Creio ainda que existem tatuagens que são puramente estéticas e muitos irmãos tatuados, são instrumentos para alcançar essas tribos ou grupos alternativos. Muitas pessoas que me perguntavam a respeito da tatuagem acabaram ouvindo a respeito da fé em Jesus e da obra que ele realizou em minha vida. Mas não quero usar esse argumento. Creio que devemos ter acima de tudo respeito e amor. Só pra constar assim que possível vou fazer outra. Tatuados ou não, cabeludos ou não, com maquiagem ou sem, com brinco, com piercing, pentecostal ou tradicional, o que conta mesmo é sermos novas criaturas. No mais, vivamos em paz uns com os outros (I Ts 5,13)”, expressa o pastor da igreja Renascer em Cristo, Edu.
Para o cantor Rodolfo Arantes, o fato de ter tatuagens só o aproxima de outras pessoas tatuadas ou grupos alternativos, à medida que elas o enxergam com uma pessoa mais parecida com Cristo.”Cara, se tem alguma coisa em mim que possa ter atraído alguém, é mais pelas as pessoas que estão fora da igreja e estão vendo: ‘Pô, aquele cara todo tatuado tá pregando. Aquele cara todo tatuado tá fazendo a obra de Deus, aquele cara todo tatuado está adorando Jesus com a guitarra na mão. Quer dizer que eu também posso?’. Eu creio que numa hora dessas, se tem algo que eu possa aproveitar, é mais por poder mostrar que Jesus Cristo renova todas as coisas e que não interessa quem você é, o que você fez, não interessa as marcas que você carrega. Se você entregar sua vida para Deus, ele vai te usar [...] O link que a gente tem que ter com essas pessoas perdidas, com as pessoas que a gente quer alcançar, é o link do amor. Amar as pessoas independentemente das diferenças delas. Às vezes nos afastamos das pessoas que são diferentes, que estão afundadas em trevas, como se a gente tivesse que manter distância, como se fosse contagioso e não é, a gente é que é contagioso, é o nosso amor que vai mostrar se a gente é de Jesus ou não, eu acho que é muito mais por aí”, explica Rodolfo. Para ele, quem busca Jesus está procurando novidade de vida: “Em tudo que eu já li a respeito de Jesus na Bíblia, eu nunca ouvi dizer que ele precisou se parecer com as prostitutas para falar do amor de Deus para elas. Eu nunca o vi tendo que se parecer com o endemoninhado gadareno para falar de Jesus para ele. Tudo o que ele fazia é ser luz nas trevas, é isso o que a gente precisa. Quem faz a diferença na vida de uma pessoa é a Palavra de Deus e não qualquer artifício. Isso é uma estratégia humana muito da ‘mixuruca’ perto do que é o poder de Deus”.
Da mesma forma, o teólogo Vailatti entende que Jesus também interagiu com grupos alternativos e marginalizados de sua época, mas comportou-se de forma diferente. “Acredito que a tatuagem pode sim auxiliar na evangelização de tais grupos, tomando como hipótese que aquele que os evangeliza também está tatuado. Isso cria uma identificação entre ambos. Porém, uma vez que o exemplo a ser seguido pelos cristãos é Cristo (cf. 1 Jo 2.6), temos que ter em mente que o que havia em Jesus que atraía as pessoas era justamente o fato dele ser “diferente”, e não “igual” aos demais. Dito de outra forma, se Jesus vivesse em nossos dias ele certamente não precisaria se tatuar para evangelizar pessoas tatuadas, pelo mesmo motivo pelo qual também não precisou se tornar mendigo para proclamar o evangelho a estas pessoas. Aliás, Jesus também interagiu com os “grupos alternativos” de sua época, tais como “as prostitutas, os leprosos, os mendigos e os coletores de impostos”, dentre outros, os quais, assim como os grupos alternativos de hoje, também eram marginalizados pela sociedade. Todavia, o que atraía as pessoas em Jesus, entre tantas outras coisas, era o seu amor incondicional por elas, o seu respeito pelos excluídos da sociedade e a sua falta de preconceitos para com todos. Jesus conquistava pessoas de todas as camadas sociais não porque se adaptasse a cada uma delas, mas sim porque ele continuava a ser ele mesmo dentro do pluralismo religioso, cultural e social de sua época. Acredito que o nosso maior desafio nos dias de hoje seja evangelizar tais “grupos alternativos” (seja lá quais forem) sem, contudo, perder ou anular a nossa própria identidade”.
Com informações de WhiplashGuia-mePortal Tattoo

Fonte: JORNAL MUNDO GOSPEL

População muçulmana dobrará nos Estados Unidos




O governo americano está se preparando para lidar com uma questão super delicada: o crescimento da população muçulmana. Estudos apontam que até 2030, seu número irá dobrar em relação ao que é hoje. Os dados são do Fórum Pew Research Center on Religion & Public Life relatório liberado quinta-feira.
Atualmente existem cerca de 2,6 milhões de adultos e crianças muçulmanas correspondendo a 0,8% da população americana. Esse número deverá subir para 6,2 milhões (1,7 por cento) em 2030, previu o Fórum.
Este crescimento está ligado a imigração e ao crescimento da natalidade, que é cada dia mais elevada entre os muçulmanos. Apesar deste crescimento, o número de cristãos ainda continuará alto, mas em 2030 os muçulmanos deverão se igualar a judeus ou episcopais.
“A população muçulmana dobrará de os EUA, mas o relatório não pode indicar qual área do Islã será praticado por muçulmanos americanos “, destacou o pastor Joel Hunter C. de Northland, uma Igreja distribuída na região central da Flórida, ao Christian Post.
Estudos também apontam que o crescimento muçulmano continuará também em todo mundo. Segundo o relatório “O Futuro da População Muçulmana Global” a população muçulmana mundial vai aumentar 35 por cento, ou 1,6 bilhões em 2010 para 2,2 bilhões até 2030.
Isto significa que a população muçulmana no mundo inteiro estaria crescendo o dobro da taxa da população não-muçulmana. Com base nesta previsão, os muçulmanos seriam até um pouco mais de um quarto (26,4 por cento) do total da população mundial projetada de 8,3 bilhões em 2030. Em 2010, os muçulmanos formam 23,4 por cento da população mundial de 6,9 bilhões.
O relatório aponta ainda que Portugal ultrapassará a Indonésia como o país que abriga a maior população muçulmana em 2030. A maioria dos muçulmanos do mundo (cerca de 60 por cento) continuará  localizada na região da Ásia-Pacífico, enquanto cerca de 20 por cento viverá no Oriente Médio e Norte da África , que são proporções semelhantes às atuais.
Embora a população de muçulmanos vá crescer na Europa e  nas Américas, eles ainda serão minorias nestas regiões.
A  Rússia deverá contar em 2030 com 18,6 milhões da religião de seguidores.
Em geral, os muçulmanos devem fazer cerca de oito por cento do total da população da Europa em 2030, acima dos seis por cento em 2010. No Reino Unido , os muçulmanos  deverão ser 8,2% da população em 2030, acima dos 4,5 por cento hoje. E na Áustria, 9,3% um aumento de 5,7 por cento em 2010, na França, 10,3 por cento de 7,5 por cento e 10,2 por cento na Bélgica a partir de 6 por cento.
Curiosamente, quase um quarto (23,2 por cento) da população de Israel está prevista para ser muçulmanos em 2030, acima dos 17,7 por cento em 2010 e 14,1 por cento em 1990. Durante as últimas duas décadas, a população muçulmana em Israel mais do que dobrou, passando de 0,6 milhões em 1990 para 1,3 milhões em 2010.
“Este relatório dará margens para os alarmistas e serão explorados por aqueles que só pensam padrões sociológicos são interessantes”, comentou o Pastor Joel C. Hunter. ”A chamada para os cristãos de evangelizar o mundo continua a mesma, não importa o que outras populações religiosos estão fazendo, mas esse desenvolvimento irá provavelmente estimular a atenção para o nosso crescimento ou a falta dela.”
Fonte> Christian Post. Tradução: Fernando de Barros

Fonte: http://www.jornalmundogospel.com

Filme gera protestos de evangélicos



Um filme no Festival de Sundance, Estados Unidos, está dando o que falar. Trata-se de “Red State”, uma produção independente de Kevin Smith, e que estreou sob protestos de membros da Igreja Batista Westboro.
“Red State” é um filme de terror que conta a história de três adolescentes que vão ao encontro de uma garota que encontraram na internet e que se dizia viciada em sexo. A busca pela garota é interrompida por um grupo de fanáticos religiosos que espalham ódio sob a liderança de um pastor com idéias terríveis.
O filme tem inspiração nos atos da igreja Batista Westboro, que realiza piquetes contra homossexuais, judeus e até contra o presidente norte-americano, Barack Obama. Os protestos são marcados por gritos e placas com mensagens chocantes. Os membros da igreja são em maioria membros da família do pastor líder da igreja, Fred Phelps.
O 27º Festival de Cinema de Sundance teve início no último dia 20 e além da estréia de “Red State” conta com aproximadamente 120 filmes em sua programação de exibição. Entre eles está um dos maiores sucessos de bilheteria brasileiros, “Tropa de Elite 2?.

Fonte:http://www.jornalmundogospel.com

Justiça manda prender pastor acusado de abusar de filha de fiel por três anos



A pedido do MP (Ministério Público), a Justiça de Santa Inês (MA) mandou prender o pastor Nelson Domingos Moreno (foto), da Igreja Assembleia de Deus Ministério do Brasil, sob a acusação de pedofilia. Ele se encontra foragido.

A fiel Raquel Tomás Merênce disse ao MP ter descoberto que a sua filha K.T.M., 13, vinha sendo violentada pelo religioso havia três anos. De acordo com ela, a menina demorou em contar o abuso porque o pastor ameaçou matar toda a família se ela o fizesse. 

Santa Inês tem 78 mil habitantes e fica a 243 km de São Luís. 

Raquel disse que começou a suspeitar do comportamento da filha há um ano. “Ela não tinha mais vontade de cantar na igreja e vivia rebelde, usando maquiagem e se recusando a ir ao culto comigo.”

A fiel deixava com frequência a filha e um filho de 14 anos com o pastor, na maioria das vezes a pedido dele. Na última vez que ele levou a menina para cantar em outra igreja, K.T.M. voltou um dia depois do combinado. 

“Meus filhos consideravam o pastor como um tio. Ele era atencioso. Sempre nos convidava para ir a uma fazenda e a encontros da igreja.” 

Informou que o pastor deu para a filha um celular de modo que ficasse mais fácil ela falar com ele. O menino  ganhou uma guitarra e um contrabaixo. 

A garota não soube dizer à polícia quantas vezes foi violentada, porque foram muitas. Há testemunhas de que o pastor costumava levar crianças a um motel da cidade.

Raquel e os filhos se mudaram de casa por temer represália do pastor. 

Com informação do Agora Santa Inês e foto da polícia.

Fonte: PAULOPES WEBLOG

Monge arrisca cinco anos de prisão por quebrar lei anti-tabagista


Primeiro caso a quebrar a lei dura do Butão

O monge budista foi o primeiro apanhado a quebrar a estrita lei anti-tabagista do Butão e enfrenta agora uma pena de cinco anos de prisão. Este foi o primeiro caso detectado no país, desde que a lei que entrou em vigor em Janeiro. O Butão situado nos Himalaias, entre a China e a Índia, pretende tornar-se na primeira nação sem tabaco.



O monge budista é acusado de consumo e contrabando de tabaco, após terem sido encontrados 72 pacotes de tabaco de mascar, dos quais não tinha recibo. De acordo com a lei do Butão, os fumadores só podem importar 200 cigarros ou 150 gramas de outros produtos de tabaco por mês, dos quais têm que apresentar recibo, quando abordados pela polícia.
O jovem, de 24 anos, alega que adquiriu na fronteira da Índia para uso pessoal, mas que desconhecia a nova lei, de acordo com a Reuters.
Aos olhos dos butaneses, o acto de fumar é considerado mau karma e, como tal, não existe tabaco à venda desde 2005.
Fumar em privado não é ilegal, mas a nova lei prevê que os polícias possam entrar nas casas e pedir recibo, caso lhes cheire a tabaco. Quem não provar que os cigarros são importados ou for apanhado a vender ou comprar tabaco no comércio local, enfrenta cinco anos de prisão.
A venda ilegal de cigarros, outrora a maior fonte de rendimento para o comércio mais pequeno, é agora quase inexistente. Os comerciantes afirmam que é muito difícil esconder tabaco dos cães pisteiros, usados desde 2005.
Fonte: CORREIO DA MANHÃ (Portugal)

Quem dá o pão dá a educação, mas não pode dispor da integridade física ou da vida dos filhos

EUA: Mata filhos por serem "respondões"



Julie Schenecker foi encontrada em casa depois de matar os dois filhos







Uma mulher de 50 anos foi detida pela polícia de Tampa, na Florida (EUA), por ter morto os dois filhos. Segundo as autoridades, Julie Schenecker justificou os homicídios dizendo que os adolescentes "falavam muito" e eram "respondões".


Quando a polícia entrou em sua casa na sexta-feira, Julie Schenecker tinha a roupa cheia de sangue e, ao ser detida, começou a "tremer incontrolavelmente" e murmurar coisas indecifráveis.
Após ter comprado uma pistola no início da semana, a norte-americana matou Beau, o filho de 13 anos, na quinta-feira, abatendo-o no carro com que o fora buscar ao treino de futebol. Segundo a homicida confessa, o disparo ocorreu depois de o filho lhe ter "respondido mal".
De seguida, Julie entrou em casa e disparou sobre a filha de 16 anos, Calyx, que estava a fazer os trabalhos de casa no quarto.
A polícia foi alertada pela mãe de Julie, a quem esta tinha enviado mensagens de correio electrónico a dar conta da má relação com os filhos.
O pai das crianças, Parker Schenecker, é um coronel do exército norte-americano colocado no Médio Oriente e só soube na sexta-feira o que aconteceu à sua família.

Fonte: CORREIO DA MANHÃ (Portugal)

Educação canina


Animais de estimação: dono deve se comportar como líder da matilha, diz especialista

Pet deve ser repreendido na hora do erro para que ele associe a bronca ao ato falho



Se você tem um pet em casa, certamente passou por momentos marcantes nos primeiros dias do bichinho em casa. Xixi no lugar errado, desobediência e indisciplina podem surgir lado a lado com o carinho e as brincadeiras. Tudo é evitável, claro, se o dono estiver preparado para se apresentar como líder. 

Segundo especialista, seja em casos de adoção de bichinhos já adultos, de compra de filhotes ou de mudança de casa para apartamento, é essencial que o proprietário mantenha a superioridade e a voz firme para que o animal respeite as novas regras.

A estratégia para que o animal se adapte ao novo lar é a mesma para qualquer caso. Segundo a veterinária Isabella Vincoletto, a única diferença é o temperamento do bichinho. 

— No entanto, no caso do adulto, que já tem vícios, o procedimento é um pouco mais demorado e exige mais paciência. Ele vai passar por uma reabilitação, por isso o dono deve demonstrar confiança ao animal — explica.

Liderança

Para ela, se o dono mostra quem manda, é menos provável que o pet se rebele e roa os móveis, arranhe as portas ou faça bagunça no quintal. Com os filhotes, o procedimento é mais fácil. Considerando que ele não tem manias, tudo o que lhe for ensinado corretamente é válido e será logo aprendido.

A veterinária alerta, porém, que é importante discernir firmeza de agressividade. Para ensinar o animal o que ele pode ou não fazer, não é preciso usar a força. 

— Bater não ajuda em nada. Pelo contrário, pode causar trauma e piorar a situação.

Isabella ressalta ainda que o dono deve repreender o pet na hora do erro para que o bichinho associe a bronca ao ato falho. 

— Se o proprietário chega à noite, vê que mais cedo o cachorro fez algo de errado e briga com ele, não adianta.

E no caso de quem já tem pets em casa? De acordo com a veterinária, é necessário isolar o novo bichinho, pelo menos até que os demais animais se adaptem à presença dele e vice-versa. 

— De cara, é difícil se darem bem. Mas, com calma, dá para aproximá-los aos poucos. É preciso muito mais paciência quando se trata de gato com cachorro, por exemplo, porque são muito diferentes — diz. 

Segundo Isabella, o proprietário deve se preocupar em dar atenção igual aos animais da casa, jamais preferir o novato. Além disso, é importante manter a hierarquia: dar tudo para o mais velho primeiro.

Na hora do sono

Entre as dificuldades de adaptação de um filhote ao novo lar, dormir sozinho é a que mais incomoda o dono. 

Saiba como evitar o chororô:

:: Ele é como um bebê e quer brincar — e você provavelmente não acordará para isso. Portanto, tente deixá-lo em seu canto até que ele entenda que você não vai.

:: Melhor que ter de ouvi-lo chorar, o que lhe fará sentir culpado, deixe-o cansado durante o dia para que a noite sinta sono e durma bem. O filhote geralmente dorme o dia inteiro, por isso tem energia mais tarde.

:: Para estimulá-lo a fazer exercícios durante o dia, dê a ele um brinquedinho. Compre aquelas bolinhas furadas e coloque petiscos lá dentro para que ele se esforce para pegar.

:: Se trabalhar o dia inteiro, lembre de não deixar toda a casa aberta. Os filhotes são pequenos, mas podem fazer um grande estrago ao longo do dia.


Fonte: CORREIO BRAZILIENSE  c/ DIÁRIO CATARINENSE                              

Toque de recolher

Dois oficiais do Exército que defendem mais democracia nos quartéis enfrentam a ira das Forças Armadas, são presos e correm o risco de ser expulsos da corporação



Alan Rodrigues, de Porto Alegre, e Francisco Alves Filho


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REVISÃO 
Oficiais criaram grupo 
para adequar normas militares à Constituição de 1988 


O capitão paraquedista Luiz Fernando Ribeiro de Sousa está há quase dois meses proibido de sair de sua residência em uma vila militar na pacata cidade de General Câmara, a 80 quilômetros de Porto Alegre. Militar da ativa e oficial do Arsenal de Armas do Rio Grande do Sul, capitão Fernando, como é conhecido, está preso e sentará no banco dos réus nos próximos dias diante de um Tribunal Militar que poderá afastá-lo dos quartéis. Considerado inimigo do Exército brasileiro, ele fundou há dois anos um movimento, junto com outros capitães, batizado de Capitanismo – que defende a adequação das normas da caserna à Constituição Federal. Na prática, Fernando advoga pela reformulação do Estatuto e do Código Penal Militar, ambos anteriores à Carta Magna de 1988. “Defendemos a manutenção da hierarquia e da disciplina militar, mas as coisas mudaram nas últimas quatro décadas”, escreveu ele à presidente da República, Dilma Rousseff, ainda durante a campanha eleitoral.


Fernando foi candidato do PT a deputado federal no Rio Grande do Sul nas últimas eleições. Durante a campanha, saiu às ruas defendendo propostas que causaram extremo desconforto no alto comando do Exército, como mais democracia nos quartéis, a descriminalização da presença de homossexuais assumidos nas tropas, assim como a implantação da Comissão da Verdade, apuração dos crimes praticados por militares durante a ditadura. O capitão não se elegeu, teve 2.158 votos, mas suas propostas têm repercutido até hoje. 

Também no Rio Grande do Sul, um outro oficial do Exército tem enfrentado reprimendas severas das Forças Armadas por conta de suas opiniões. Autor do livro “Exército na Segurança Pública: uma Guerra Contra o Povo Brasileiro” (editora Juruá), o capitão Mário Soares, lotado no 3º Batalhão Logístico do Exército, em Bagé (RS), também enfrentou a prisão domiciliar ao criticar as Forças Armadas. “O Exército não pode mais ser uma ilha dentro do Estado”, argumenta. O livro, lançado no final de 2010, é resultado do mestrado em ciências penais que ele concluiu no ano passado e contém críticas ao uso das Forças Armadas no combate ao crime comum. “O preparo do Exército para desenvolver ações de polícia enfraquece a Defesa Nacional”, afirma Soares. Para ele, os armamentos adotados pelos militares em operações na cidade “têm capacidade de perpassar e destruir várias pessoas, pois os militares têm na força de seus armamentos a condição única de sua existência”.

Em ambos os casos, o Exército justifica que, oficialmente, os militares foram confinados em seus respectivos quartéis não pelas opiniões, mas pelo crime de deserção, ou seja, se afastarem por mais de oito dias consecutivos da caserna. A mesma estratégia já havia sido adotada com o casal de sargentos homossexuais Leci de Araújo e Fernando Figueiredo, em 2008. Após se declararem abertamente gays, os dois foram detidos por deserção. Agora, o Ministério Público Federal investiga se houve irregularidades na detenção e se houve tortura enquanto os dois estavam presos no quartel em que eram baseados.

No episódio dos militares do Rio Grande do Sul, não há acusações de agressão. Mas em ambos os casos os oficiais dizem que foram detidos de forma irregular. Soares se defende, afirmando que tinha bons motivos para não estar no quartel na data prevista de seu retorno. O militar foi passar as festas de fim de ano na Bahia, onde vive sua família, e encontrou o pai com uma doença degenerativa em estágio adiantado, a mãe em depressão profunda e procurou ajudar o irmão, deficiente físico, que mora com os dois. Diante dos problemas, Soares – que é tutor do pai – resolveu ficar um pouco mais para ajudar e, por fim, o drama familiar acabou por abatê-lo também. “Um psiquiatra diagnosticou que eu estava emocionalmente abalado”, explica Soares. “Tive o cuidado de levar o atestado ao quartel na Bahia no dia 31 de dezembro, para justificar o fato de não estar presente na data marcada para o regresso.” O documento não foi suficiente para justificar sua ausência, e ele ficou preso durante oito dias.

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SILÊNCIO 
Afastado do Exército desde março,
o capitão Fernando Ribeiro está em
prisão domiciliar há dois meses 


Como o companheiro de farda, o capitão Fernando também está sendo acusado da prática do crime de deserção. Assim que terminaram as eleições em outubro, o Exército exigiu o retorno imediato do militar ao trabalho, antes mesmo da publicação oficial dos resultados do Tribunal Regional Eleitoral, que aconteceu em 3 de novembro. Segundo o militar, ele não recebeu a ordem: “O Exército enviou a convocatória para um endereço errado e não para o meu na vila militar onde vivo”. O imbróglio não para por aí. Ao convocar seu retorno ao quartel, a ordem do Comando do Sul contraria a decisão do chefe-maior do Exército, general Enzo Martins Peri, que, em março de 2010, afastou o capitão Fernando das atividades militares por tempo indeterminado até que ele responda ao Conselho de Justificação – um tribunal que pode expulsá-lo das fileiras militares por causa de suas opiniões públicas sobre as Força Armadas. A decisão de Peri foi baseada em entrevistas que Fernando deu a órgãos de imprensa e a blogs na internet, em que defendia suas ideias.


De acordo com especialistas em área militar, as Forças Armadas utilizam-se do artifício da deserção para condenar as vozes dissidentes. Quem desqualifica a tese de deserção é o procurador aposentado da Justiça Militar João Rodrigues Arruda. Uma das maiores autoridades brasileiras sobre direito militar, Arruda explica que o crime não tem mais lugar entre os oficiais, já que eles não precisam desertar para sair do Exército. “A qualquer momento, eles podem pedir demissão. Então, para que praticar um crime?”, questiona Arruda. Procurado para explicar os motivos das prisões dos dois oficiais baseados no Rio Grande do Sul, o Exército não quis se pronunciar.

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Fonte: ISTO É INDEPENDENTE

Crescendo no mercado dos desesperados

O homem que multiplica fiéis

Com discurso de homem do povo, carisma inato e um aparato de comunicação competente, Valdemiro Santiago faz sua Mundial ascender ao topo das igrejas neopentecostais do Brasil

Rodrigo Cardoso e João Loes. Fotos Pedro Dias/Agência ISTOÉ

Assista a vídeo em que mostramos o pastor Valdemiro Santiago  “curando” pessoas:
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Terça-feira, 11 de janeiro, 12h30: em pé em uma banqueta, 
o apóstolo Valdemiro Santiago dispensa o almoço para abençoar
cerca de mil fiéis em fila no templo-sede da
Igreja Mundial, no Brás, em São Paulo 

Com microfone em punho, Valdemiro Santiago de Oliveira, todo-poderoso líder da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), caminha bambeando de um lado para outro do altar fincado bem no centro de um galpão de 18 mil metros quadrados, localizado no Brás, bairro da região central de São Paulo. Dez mil pessoas se aglomeram ao redor do autointitulado apóstolo, em estado de atenção e êxtase, à espera de uma palavra, um toque, um abraço. Com o rebanho em suas mãos, e um timing digno de showman, ele chora, gargalha, transpira. Está entregue à multidão. A voz rouca sai carregada de ironia e ornamentada por um sorriso de canto de boca. “Está um congestionamento aqui fora. Ouvi dizer que acontece uma feira na redondeza!”, diz. Mas não há feira nenhuma. O movimento na região é provocado pelos concorridos cultos desse mineiro de 47 anos, natural de Cisneiros, distrito de Palma, a 400 quilômetros de Belo Horizonte. E Santiago sabe muito bem disso. Há 30 anos no movimento neopentecostal brasileiro, segmento que mais cresce no Brasil (deve chegar a 40 milhões de adeptos no novo Censo), o homem forte da Mundial é o mais fulgurante fenômeno religioso do Brasil atualmente. Sua identificação direta com a massa – é negro, tem sotaque caipira e português falho, trabalhou na roça e passou fome – o coloca nos braços humildes e carentes daqueles que procuram uma solução espiritual para as mazelas da vida.

“Quem me viu na tevê? Quem foi a Interlagos?”, questiona Santiago, enquanto os fiéis, contidos por obreiros, se debatem e gritam em sua direção. No primeiro dia de 2011, o religioso ganhou minutos preciosos em rede nacional por causa da massa impressionante de discípulos que conseguiu arregimentar em pleno 1º de janeiro, vinda de todos os cantos do Brasil para celebrar com ele no autódromo de Interlagos. Segundo os organizadores do evento, havia lá 2,3 milhões de pessoas. Nos dias 9 e 11 de janeiro, quando a reportagem de ISTOÉ acompanhou os cultos na sede mundial da IMPD, no Brás, uma antiga fábrica comprada por R$ 60 milhões em 60 parcelas de R$ 1 milhão, o apóstolo faturou sobre essa exposição em horário nobre. “Ninguém pode dizer que sou um sujeito dotado de uma inteligência, uma sabedoria”, disse Santiago à ISTOÉ, currículo escolar findo no quinto ano do ensino fundamental, mas alinhado em um terno bem cortado, gravata, camisa com abotoaduras douradas e sapatos tamanho 44 impecáveis. “Quem olha a minha vida e faz uma análise não tem como não glorificar Deus.”


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GLÓRIA 
O ex-roceiro, que cuidava de marrecos e foi viciado em
drogas, é ovacionado por 2,3 milhões de pessoas, 
em Interlagos, no primeiro dia de 2011 
De fato, o garoto que perdeu a mãe aos 12 anos e caminhava oito quilômetros por dia para levar marmita para os familiares na roça lidera, hoje, um império religioso que conta com três mil igrejas espalhadas pela América do Sul e do Norte, Europa, Ásia e África e 4,5 milhões de fiéis, de acordo com dados da própria IMPD (leia ao lado quadro comparativo com outras denominações evangélicas). Treze anos depois de fundar a Mundial, o homem que gosta de cultivar a fama de matuto mora em um condomínio de luxo em Barueri, na Grande São Paulo, e tem na garagem três carros importados blindados – uma Land Rover, um Toyota e um Peugeot. Motoristas e seguranças particulares estão sempre à sua disposição. Helicópteros e um jato particular também. A Igreja Mundial, por sua vez, tem inaugurado um novo templo por semana e honra, mensalmente, uma despesa em torno de R$ 40 milhões. O dinheiro da igreja vem, principalmente, do dízimo arrecadado. Membros da IMPD estimam receber de doação em seus cultos uma média de R$ 10 por fiel. Há, ainda, envelopes nas cores ouro, prata e bronze. Pastores afirmam que a diferenciação não está diretamente ligada ao valor a ser dado à igreja. Segundo eles, cada tipo de envelope contém uma mensagem diferente. Nesse primeiro mês de 2011, o apóstolo reforçou o pedido por doações argumentando despesas com emissoras de tevê e rádio. “Ano novo, contratos novos e reajustados... Essa semana preciso muito de sua ajuda. Quem pode trazer até terça-feira R$ 100?”, perguntou Santiago. A quantia foi diminuindo à medida que o tempo ia passando. “E uma oferta mínima de R$ 30? Quem puder, fique de pé que o obreiro irá dar o envelope.”

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CURA 
O milagre é o carro-chefe da Igreja Mundial.
Pessoas com câncer e até cadeirantes testemunham
ter se curado com a intervenção de Santiago e seus pastores
É a mística de milagreiro de Santiago a chave de seu sucesso e a responsável pelo fenômeno da multiplicação de fiéis à sua volta. E a televisão amplifica em doses continentais esse poder de comunicação inato do líder evangélico. Atualmente ele ocupa 22 horas diárias na programação da Rede 21, que pertence ao grupo Bandeirantes, ao custo de R$ 6 milhões mensais. Com mais R$ 101 mil por mês, pagos à Multichoice, empresa sul-africana distribuidora de sinal, também está no ar em Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Líbia, Zimbábue e Botswana. Na telinha, o que se vê são os cultos de Santiago em seus templos. Para isso, a performance do pastor é acompanhada, minuto a minuto, por fotógrafo e uma equipe de cinegrafistas, que registram tudo para ser divulgado, além da tevê, no jornal, na revista e na rádio da igreja. Na África do Sul, a Mundial possui uma hora de programação na TV Soweto, ao custo de R$ 59 mil mensais. Em Maputo, a capital de Moçambique, uma tevê e uma rádio já estão sob o domínio da corrente evangélica do ex-roceiro, fissurado, segundo palavras dos próprios membros da igreja, por se comunicar com os súditos via tevê. Afinal, se em um templo como o do Brás o apóstolo consegue falar para 30 mil pessoas, no ar, citando apenas os que possuem antena parabólica no Brasil, ele chega a 25 milhões de lares via Rede 21.
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Não e à toa que, anunciados pela telinha, seus eventos estão sempre lotados. “Aquela máxima da publicidade de que uma imagem vale mais do que mil palavras se aplica muito bem a Valdemiro”, afirma Ronaldo Didini, ex-membro da cúpula da Universal e braço-direito de Santiago, que responde pela estratégia de mídia da igreja. Além dele, são dirigentes da Mundial um consultor financeiro, também ex-Universal, e três deputados eleitos no último pleito – dois federais (José Olímpio, PP/SP e Francisco Floriano, PR/RJ) e um estadual (Rodrigo Moraes, PSC/SP). “As coisas são cada vez mais rápidas e profissionalizadas na Mundial”, diz o pesquisador Ricardo Bitun, autor da tese “Igreja Mundial do Poder de Deus: Rupturas e Continuidades no Campo Religioso Neopentecostal”, defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Isso ocorre, em grande parte, por conta de um fenômeno conhecido como nomadismo religioso. Se durante muito tempo a Igreja Católica era a maior fornecedora de ovelhas ao rebanho pentecostal, agora esses últimos trocam de fiéis entre si. “Meu trabalho é o altar; meu negócio é multiplicar as almas”, diz Santiago, que também fatura com a crise de igrejas como a Renascer em Cristo, por exemplo, que perdeu em 2010 seus discípulos mais ilustres, o jogador de futebol Kaká e sua mulher, Caroline Celico. 

A ascensão de Santiago ao olimpo dos líderes religiosos do Brasil começou a ser moldada em 1976, quando, aos 16 anos, ele se converteu ao protestantismo. Naquela época, o garoto revoltado e de difícil trato, que em Cisneiros cuidava de marrecos, arava a terra e colhia ovos de anu para fazer omelete, morava com um dos 12 irmãos na mineira Juiz de Fora. Nessa cidade, trabalhava como pedreiro e levava uma vida desregrada. Dormia muitas noites na calçada e era viciado em drogas – ele se limita a dizer que consumia “álcool e substâncias sintéticas em forma de comprimidos”. Até que um pastor lhe estendeu a mão e Santiago passou a pregar. Foi obreiro, pastor, bispo e membro da cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Nos templos de Edir Macedo, atuou por 18 anos e se desligou em 1997, depois de um suposto desentendimento com o líder evangélico. Já havia, porém, decorado a cartilha de seu mentor. Pesquisador da área da sociologia da religião, Ricardo Mariano afirma que as crenças e práticas mágico-religiosas da Mundial são uma cópia da Universal. Tanto que até o nome da igreja de Santiago, Igreja Mundial do Poder de Deus, é uma evidente inspiração na primeira casa: Igreja Universal de Reino de Deus. Perspicaz, o religioso caipira foi beber da fonte que já havia sido aprovada pelo público. Tanto que, além de convidar parte da cúpula da IURD, atraiu também dezenas de pastores, prática que adotou até um ano atrás, quando membros da Mundial começaram a temer que houvesse “universais” infiltrados em suas fileiras.

No altar da igreja que fundou em 1998 Valdemiro passou a receber portadores do vírus da Aids, doentes de câncer e até cadeirantes desenganados pela medicina. As pessoas em cadeira de roda são, até hoje, um dos campeões de audiência. É comum encontrar no templo fiéis carregando para o alto cadeiras de roda, num gesto explícito de libertação. Em um programa no início de janeiro, o apóstolo protagonizou, via tevê, uma situação do tipo. Ao seu lado, caminhando, um ex-paralítico afirmava ter permanecido imóvel por 15 anos. A reportagem de ISTOÉ tentou contato com esse homem, mas membros da cúpula da Mundial disseram ser impossível localizá-lo, pois as fichas de identificação ainda não estão informatizadas e há muitos casos como o dele.

O pastor mineiro usa como nenhuma outra liderança pentecostal os depoimentos de enfermos e a evocação da cura divina. Juntos, eles provocam uma catarse espiritual. Os fiéis da IMPD fazem fila para testemunhar, no altar ao lado do apóstolo e com exames médicos em punho, que a medicina já os havia desenganado, mas que a intervenção milagrosa os salvou. “Na Igreja Mundial, o toque no corpo de Santiago é muito valorizado”, diz o sociólogo da religião Flávio Pierucci, da Universidade de São Paulo (USP). Aos 61 anos, a católica catarinense Aledir Lachewtz, 61 anos, levou fotos e roupas de sua tia octogenária que sofria com um edema pulmonar para serem abençoadas em um culto na IMPD. “Os médicos diziam que não tinha mais jeito”, conta Aledir. “Mas, depois das bênçãos, novos exames não apontaram mais nada. O apóstolo tem muito poder de cura.” Essa espécie de pronto-socorro espiritual, como define o teólogo Edin Abumansur, da PUC-SP, floresce de modo particular na Mundial. Enquanto Santiago prega, dezenas de placas com os dizeres “Aqui tem milagre” são levantadas por obreiros para auxiliá-lo. Selecionado previamente e de posse de exames médicos que revelariam primeiro a enfermidade e, em seguida, o desaparecimento dela – chamado na IMPD de “o antes e o depois” –, o fiel é alçado ao microfone ao lado do pastor. E é nessa hora que o líder da Igreja Mundial vira astro.


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“Meu trabalho é o altar; meu negócio é 
multiplicar as almas” Valdemiro Santiago, 
da Igreja Mundial do Poder de Deus 
Do alto de seu 1,90 e 103 quilos (chegou a ter 153, mas emagreceu após uma cirurgia bariátrica, há oito anos), o apóstolo grampeia o rosto da pessoa contra o seu peito. Abraça, chora e grita, como fez com a mãe que atribuiu a cura de sua filha de 6 anos, que voltou a andar e a falar contrariando prognósticos médicos, segundo ela, à fé e às orações feitas na IMPD. “Esse Deus é poderoooso! Isso é para sacudir o barraco do cramunhão e botar pra baixo!”, berra o religioso. Ricardo Mariano, professor do programa de pós-graduação em ciências sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e um dos maiores especialistas do Brasil em movimento neopentecostal, contextualiza: “A ênfase pentecostal na cura divina já tem mais de 60 anos e foi uma das principais responsáveis pelo crescimento desse movimento religioso na América Latina e na África. Desde então, constitui uma das iscas mais atraentes de potenciais adeptos aos templos.”

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ANTES E DEPOIS
Os fiéis choram e se emocionam, muitos apresentando
exames médicos que revelam o desaparecimento de uma doença 

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Além da eloquência com que evangeliza, Santiago ficou conhecido por usar chapéus típicos de quem se criou no meio do mato. Assim também é visto em seus finais de semana, que acontecem, como ele diz, às quartas-feiras. Nesses dias, ele se tranca em um sítio, em Santa Isabel, a 50 quilômetros de São Paulo. Lá, desfruta de um pesqueiro, da piscina e do campo de futebol, onde organiza e disputa campeonatos entre times formados por membros de seu ministério. “Mas o que gosto mesmo é de sentar na beira do rio, com minha varinha de pescar”, diz. “Sou um sujeito de pouca educação. É uma coisa de chucro, de caipira”, completa ele, uma espécie de Tim Maia do altar, que passa boa parte do culto distribuindo broncas em obreiros, cinegrafistas e músicos que o acompanham. “Ô, oreiúdo (orelhudo), abre passagem para a mulher chegar até aqui”, disse o chefe da IMPD a um pastor, no culto do domingo 9, provocando gargalhadas nos súditos.

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EM FAMÍLIA
A bispa Franciléia, mulher de Valdemiro, também é uma oradora eloquente 

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Juliana, filha do casal, canta no coral da igreja

Nem mesmo a esposa, a bispa Franciléia, com quem vive há 26 anos, e as duas filhas do casal, Rachel, 25, e Juliana, 23, que também trabalham em prol do ministério, escapam de seus pitos. O apóstolo também é conhecido por ser incansável na rotina de sua Mundial. Há dias em que nem volta para casa. “Tenho um quarto na igreja”, conta Santiago, referindo-se ao templo do Brás. “Em casa, tenho dormido três, quatro vezes no mês”, completa ele, que diz desfrutar, por noite, de apenas quatro horas de sono. Membro da IMPD, Fernando Trizi reforça o fato. “Antigamente, muitos fiéis dormiam aqui na igreja. E, algumas vezes, o apóstolo acordava de madrugada, descia do quarto e, de pijama, orava com eles.” Ao valorizar a ingenuidade e a simplicidade, o religioso prosperou. “O que chama mais a atenção é a emergência de uma autoridade religiosa pentecostal de expressão nacional negra, tal como o restante da cúpula da igreja”, diz Mariano, autor de “Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil” (Edições Loyola, 1999). Ao contrário de outras neopentecostais de peso, como a Renascer e a Universal, que ficaram mais requintadas em relação ao público que as frequenta, prometendo prosperidade àqueles que também desejam ascensão material, a Mundial tem acolhido a classe menos favorecida, um aglomerado de gente humilde que não se identifica mais com as outras denominações. 

Na IMPD, porém, essas pessoas enxergam em seu líder uma figura que, mesmo de terno e gravata e sob os holofotes, fala a língua delas. Foi por meio dessa habilidade inata que muitas personalidades deixaram para trás o passado sofrido e se tornaram notórias. “O Valdemiro é como o Silvio Santos ou o Lula. O camelô que deu certo, mas nunca deixou de ser camelô. O metalúrgico que virou presidente da República, mas não deixou de ser metalúrgico”, compara Bitun. Os astro evangélico promete milagres como se contasse um causo. Apelo irresistível aos corações aflitos.

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Fonte: ISTO É INDEPENDENTE